quinta-feira, outubro 26, 2006 |
O Adamastor - Vasco da Gama: o herói |
Após a partida da Ilha de Santa Helena, os navegadores avistam uma nuvem negra no céu, que o escurece. O susto e o medo tomam conta dos marinheiros uma vez que o clima faz prever uma terrível ameaça. (Presságio)
No ar, surge uma figura humana gigante, com aspecto irado e furioso, de barba suja, olhos encovados e longos cabelos cheios de terra, boca negra e dentes amarelos.
- Os marinheiros são interpelados e ficam horrorizados com o que vêem
- O Adamastor critica-os por nunca se contentarem com os feitos que cometem e por se atreverem a invadir o seu mar, que nunca antes havia sido atravessado por outros que, anteriormente, tentaram (c. V, estr. 41)
- O gigante, relata em profecia, uma série de desgraças que havia preparado para os navegadores que ali passassem
- Com este episódio e as profecias do Adamastor, Vasco da Gama tem conhecimento de acontecimentos que posteriormente se passariam com outros exploradores, nomeadamente, Pedro Álvares Cabral, Bartolomeu Dias, D. Fernando de Almeida e Manuel de Sousa Sepúlveda.
- Pedro Álvares Cabral sofre um terrível temporal em 1500
- D. Fernando de Almeida morre em combate a norte do Cabo da Boa Esperança
- Manuel de Sousa Sepúlveda sofre a vergonha de ver a sua esposa despida pelos nativos e vê morrer de fome as crianças (c. V estr. 47)
- Mas Vasco da Gama enfrenta o Gigante, pergunta-lhe quem ele é. Este é um momento de intensa coragem, uma ez que tanto o apitão como os seus marinheiros estão em pânico. Surpreendentemente, o Adamastor relata a sua história de amor por Tétis, tendo sido transformado num enorme rochedo, como castigo. O Gigante acaba por desaparecer, chorando, após ter desabafado a sua paixão maldita e a sua má sorte.
- O Adamastor simboliza os perigos que esperam os portugueses, tais como as tempestades e os naufrágios, mas simboliza igualmente, mais uma vítima de amor.
- Vasco da Gama surge, neste episódio, como herói, uma vez que supera o próprio medo e enfrenta o Adamastor.
http://oslusiadas.no.sapo.pt/episodio14.html
(ver posts seguintes) |
posted by Maria João Almeida @ 2:56 da tarde |
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A batalha de Ourique - D. Afonso Henriques: o herói |
A pedido do Rei de Malinde, Vasco da Gama relata a História de Portugal. Começa por descrever geograficamente o reino de Portugal "onde a terra se acaba e o mar começa", o que remete para o destino do povo português como um povo marinheiro. Vasco da Gama refere-se à saudade que sente da sua Pátria, que deixara há uns meses e onde esperaria regressar.
- Este é um momento de saudosismo, bastante expressivo:"Esta é a ditosa Pátria minha amada"
- Gama refere-se à Pátria como o local onde deseja morrer: Pátria de luta e de vitórias, ligada a um destino histórico.
- Com o início da narração da História de Portugal, Vasco da Gama refere o nome do herói D. Afonso Henriques: este conquista, assegura o domínio da Pátria, desobedece à ordem estabelecida (não esquecer que D. Afonso Henriques batalhou contra a sua própria mãe, na batalha de S. Mamede)
- É referido pelo poeta como herói e admirado pela sua bravura e coragem e pela sua atitude irreverente.
http://oslusiadas.no.sapo.pt/episodio4.html http://oslusiadas.no.sapo.pt/episodio7.html
(ver post seguinte) |
posted by Maria João Almeida @ 2:37 da tarde |
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quarta-feira, outubro 25, 2006 |
Herói ou heróis? |
Ao longo do poema, não encontramos o retrato de um herói concreto, mas sim um modelo de heroísmo.
- O herói central do poema é o povo português. É, portanto, um herói colectivo. Aqueles que não serão esquecidos, mas que se imortalizaram em actos heróicos. Ao longo de todo o poema, vai ser contada a História de Portugal, servindo-se da viagem de Vasco da Gama até a Índia.
- Vasco da Gama: herói sem força, uma vez que depende das decisões dos deuses. Estes usam a sua capacidade de intervenção quando esta é necessária.
- Nun'Álvares Pereira: é enaltecido por Camões. As palavras de Nun'Álvares têm força expressiva, impelindo os ouvintes a sair do estado de medo e a colocarem-se em movimento atacante (c.IV, estr.21). O poder expressivo da personificação e adjectivação de medo é notório, bem como o contraste entre o estado paralizante em que deixa as pessoas e a vida movimentada e jubilante da coragem "reassumida"*1
- O poeta coloca relevo na posição traidora dos irmãos de Nun'Alvares, que lutam por Castela e vinca o patriotismo de D. Nuno.(c.IV estr.32-34)
- D. Nuno é comparado a Átila. Camões atribui-lhe uma caracterização de herói.
- D. João I é referenciado como "protector e responsável de todos os portugueses"*2. (c.IV, estr.36)
- D. João é igualmente elogiado pelo seu papel como comandante-geral.
*1 - BENEDITO, Silvério, Para uma leitura de Os Lusíadas de Luís de Camões. |
posted by Maria João Almeida @ 9:12 da tarde |
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terça-feira, outubro 10, 2006 |
Dúvidas e Trabalhos |
Coloca as tuas dúvidas e publica os teus trabalhos de Língua Portuguesa. Envia um email para:truqueslp@gmail.com |
posted by Maria João Almeida @ 11:41 da manhã |
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Batalha de Aljubarrota |
Antes da análise deste episódio, é necessário ter em conta o contexto histórico em que ele se insere. Verás que te é muito mais simples entenderes o episódio da Batalha de Aljubarrota, se souberes o que se passou, historicamente.
Quando D. Fernando faleceu,em 1383, não deixou ao trono português um filho varão. Apenas tinha uma filha, D. Beatriz, casada com D. João de Castela. A regência estava a cargo de D. Leonor Teles e do conde Andeiro. A ordem de sucessão implicaria que o trono seria ocupado pelo rei de Castela (Portugal seria anexado por Castela, uma vez que seria o marido de D. Beatriz que ocuparia o trono).
Em Lisboa, as pessoas estavam revoltadas com esta possibilidade, fizeram um cerco à cidade, o conde Andeiro foi morto e o povo solicitou a D. João, Mestre de Avis, filho de D. João de Portugal (ainda que ilegítimo) que defendesse o reino como regedor.
Durante 3 anos (1383-85) viveu-se um período de interregno para ser decido quem sucederia D. Fernando. Em 1385, D. João, mestre de Avis, é aclamado rei pelas cortes de Coimbra, mas D. João de Castela não estava satisfeito, uma vez que era casado com D. Beatriz e isso lhe conferia o direito ao trono português.
Então, D. João de Castela decide invadir Portugal, ajudado por uma parte da cavalaria francesa. Com D. João, mestre de Avis (D. JoãoI), Nuno Álvares Pereira e o auxilio do exercito inglês, os militares portugueses conseguiram intersectar os castelhanos, perto de Leiria, e o confronto entre as tropas decorreu numa colina, perto de Aljubarrota.
Devido a algumas fragilidades do exército inimigo, muitos dos soldados que não foram mortos, acabaram por ser feitos prisioneiros pelos portugueses. Embora em grande número, os castelhanos viram-se obrigados a fragmentar as suas fileiras, a fim de "caberem" em algumas partes do terreno.
Os portugueses aproveitaram esse facto para reorganizar o seu exército e acabaram por executar um grande número de soldados franceses, agora prisioneiros,que apoiavam o rei de Castela.
Desesperados, os castelhanos lutavam cegamente pela vitória. O número de soldados castelhanos mortos ou feitos prisioneiros era muitíssimo elevado, e ao constatar que se encontrava numa situação irrecuperável, D. João de Castela ordenou a retirada do campo de batalha. |
posted by Maria João Almeida @ 11:30 da manhã |
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Os Planos Narrativos |
Plano da Viagem:
- Plano fulcral - narra a viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia
Plano Mitológico:
- É o plano da intervenção dos Deuses do Olímpo na viagem
- Acompanha sempre o plano fulcral
- Articula-se com o plano da Viagem, em alternância
Plano da História de Portugal:
- Plano encaixado no plano da Viagem
- Os navegadores são acolhidos pelo Rei de Melinde e Vasco da Gama, a pedido deste rei, conta-lhe a história de Portugal
- Na Índia, a Armada Portuguesa recebe a visita do Catual. Devido à curiosidade deste, Paulo da Gama conta-lhe alguns factos relacionados com figuras das bandeias a bordo.
- Alguns acontecimentos históricos posteriores à viagem de Vasco da Gama são relatados por entidades divinas, tomando a forma de vaticínios ou profecias, como é o caso dos naufrágios que, no dizer do Adamastor, irão acontecer como vingança pessoal contra os portugueses.
Plano das reflexões do Poeta:
- Camões, nas suas reflexões, apresenta-se como guerreiro e poeta, perseguido pela sorte e desprezado pelos seus contemporâneos
- O Poeta assume papel humanista de intervir de forma pedagógica na vida contemporânea
- Critica a ignorância e o deprezo pela cultura dos homens de armas (c.V)
- Denuncia o desprezo pelo bem comum, a ambição desmedida, o poder exercido com tirania, a hipocrisia dos aduladores do Rei, a exploração dos pobres (c.VII)
- Denunci o poder corruptor do ouro (c.VIII)
- Propõe um modelo humano ideal de"Heróis esclarecidos" que terão ganho direito a serem recebidos na "Ilha de Vénus" (c.IX)
- O poema evidencia a grandeza do passado de Portugal: "um pequeno povo que cumpriu ao longo da sua História a missão de aumentar a Cristandade, que abriu novos rumos ao conhecimento, que mostrou a capacidade do Homem de concretizar o sonho".*1
- Ao cantar os feitos heróicos do passado, Camões quer mostrar aos homens do seu tempo a falta de grandeza do "Portugal presente" *2 e incentivar o Rei a "conduzir os portugueses para um futuro glorioso, para uma nova era de orgulho nacional (c.X) *3
*1 - Manual de Português 12º no *2 - idem *3 - Ibidem |
posted by Maria João Almeida @ 11:29 da manhã |
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